O Natal, uns passavam melhor que outros, era conforme. Quando era dia de Natal toda a gente ia a missa no Sobral Magro. Levantávamo-nos de noite para ir a caminho, porque a missa era cedo. Naquele dia o padre tinha que dizer muita missa. A gente levantava-se cedo para modos de lá chegar a tempo. Nós só bebíamos café de ano a ano, no dia de Natal. Havia pessoas que tomavam todos os dias, mas nós não. Era só naquele dia. Porquê? Porque era caro, não havia dinheiro para comprar açúcar, nem para comprar café. Era só naquele dia, como se fosse uma festa. Lá o fazíamos também à fogueira, à lenha, nuns pucaritos de barro. A gente bebíamo-lo naquele dia, íamos à missa e, ao fim, chegávamos a casa. Às vezes, havia torresmos de banha de porco. E era o que a gente comia. Só se se fizessem umas fatias de pão, diziam que eram fatias de pão, com ovos. Era assim o que a gente cá arranjava mais. E também cozia-se muita chouriça e carne de porco.