Os meus avós não foram para Lisboa. Não havia lá emprego. Dedicavam-se só à fazenda. Na geração seguinte, cada um arranjava qualquer coisa por Lisboa e uns puxavam outros. Iam para as padiolas e para a cortiça também, na estiva, Lisnave, Setenave, também andaram muitos. Aí era a maior parte. E eram os empregos melhores que havia. Pagavam bem. Tanto que agora as reformas deles são grandes. Mas, às vezes, iam por lá andar e outros iam lá dar e tinham que se vir embora que não havia emprego. Tornavam a vir para as terras. Foram tempos muito difíceis. Agora, criam-se, muitos casam-se, vão logo para fora, lá têm os filhos, lá ficam, já não dão valor nenhum à terra. Eles aqui também não se governavam agora.