Nós tínhamos animais: gado, galinhas e, com licença, os porcos e coelhos também. Estes serviam para coisas diferentes. As galinhas eram para cozinhar e tirava-se os ovos. As cabritas eram para dar o leite e depois fazia-se o queijo. Também tivéramos ovelhas, que também davam leite. Depois, a gente misturava esse leite com o das cabras e fazíamos um queijo que era diferente. Quando o meu pai foi para Lisboa, a minha mãe ficou cá na terra a trabalhar. Cultivávamos milho, batatas e feijão. Tudo o que cultivávamos era para casa, a gente não vendia nada. Antigamente, as noites passavam-se junto à lareira. Quando íamos para casa juntávamo-nos na cozinha, de volta do lume, a falar. Agora, o meu dia-a-dia é mais sossegado. De manhã, levanto-me, preparo-me e vou tomar o pequeno-almoço. Agora já não tomo leite das cabras como antigamente. Depois vou buscar um molhinho de mato ou de lenha. A lenha é para a gente se aquecer e o mato é para pôr debaixo das cabritas na loja. Ponho o mato para dentro e elas andam lá dentro. Depois quando a loja está cheia de mato, nós tiramos e pomos mato limpo. Quando se vem de lá, almoça-se. À tarde vamos, às vezes, botar as cabritas ao sol para as fazendas. Quando está a chover não vão para a rua, ficam na loja. Pomos lá comer e já não têm que vir para a rua. Se não nos der para ir botar o gado, vamos um bocadinho para o sol e estamos sentados, junto ao portão da escola, a falar.