Além dos bolos, havia as chouriças de trigo e de farinha que se fazia depois da matança do Porto. Não me recordo bem em que altura é que se faz a matança. Não sei se é em Dezembro. Sei que quando se matava chamava-se as pessoas de manhã para virem tomar o pequeno-almoço e depois iam matá-lo. Queimava-se-lhe o pêlo, lavava-se e depois levava-se umas facas para raspar. Depois abriam e íamos lavar as tripas, lá adiante, ao ribeiro. Migava-se a carne nas vésperas, para estarem a tomar-se do sal, mas só se enchia ao outro dia. Enchíamos as tripas de carne e outras de farinha. E também costumavam, agora não sei se ainda fazem, fazer chouriças de trigo. Para fazer as chouriças de trigo, punham a banha, migavam a banha e o pão, punham água e amassavam tudo com um bocadinho de azeite. Para as chouriças de farinha, peneirava-se farinha para a gamela, depois cozia-se os ossos de porco num caldeiro. Punham aquele caldo na farinha, amassavam. Tanto as chouriças de trigo e as de farinha também iam para o fumeiro. Também havia chouriças de carne e de sangue. Depois de enchidas as tripas, punha-se em cima do lume e depois estavam lá para aí duas semanas a secar. Depois punha-se no óleo para estarem mais frescas. Quando eram precisas, íamos lá buscar.