Eu e a minha irmã e mais raparigas também acartámos muita pedra de umas barranceiras que tem lá diante, onde é o barroco da piscina. Subia-se por umas escadas acima com as pedras às costas! E cestas de terra. Hoje é com cimento e tijolo, mas naquele tempo as casas eram de pedra. Os homens iam minar a pedra e nós ajudávamos. Não era à cabeça, era às costas, que eram pedras muito grandes e cestas de terra! Andávamos de sol a sol! Começávamos, às vezes, com 10 anos, 11, 12 anos. E as minhas filhas, tanto a minha enteada como a minha filha, carregavam vigas compridas. No meu tempo era madeira, mas no tempo delas já eram vigas. E pegavam uma de um lado outra do outro. As minhas filhas, a Ermelinda, que é filha da minha sobrinha, a Cidalina, todas elas pegavam naqueles pesos. Por isso, é que hoje não podem e sentem dores. Para fazermos a escola da terra, íamos acartar areia às costas do cimo da Mourísia, lá diante, e vínhamos a pé com as sacas às costas! Fizeram-na porque havia muitas crianças que iam para o Sobral Magro. Então, construíram a escola para não irem daqui para lá. A minha filha ainda foi à escola no Sobral Magro e só ao fim é que foi à da aldeia. O meu filho já andou nesta. Era melhor. Vinham comer o comer quentinho a casa, já a gente estava descansada. E quando chovia muito, a gente só estava com medo que eles podiam cair nalgum barroquito. Mas hoje, já não há. A escola fechou. Não há cá crianças! Não dava para o Estado estar a pagar a uma professora que aqui estivesse só por dois ou três alunos. Depois, as crianças começaram a ir para Coja e Arganil. Mas na altura em que fizeram a escola havia cá muitas crianças, muitos alunos. E era muito bom haver a escola porque vinham comer o comer quentinho a casa. Quando iam para o Sobral Magro, a gente tinha que lhes enviar o comer, mas comiam-no frio e passavam mal. Apanhavam muita chuva no caminho e frio. A escola foi um melhoramento muito bom. Além da falta da escola, tínhamos falta de outras coisas. O sal tínhamos que o ir buscar a Pomares ou ali ao lado da Moura da Serra. Trazíamos um alqueire ou três meios. Todas as pessoas tinham que ir buscar o sal, porque era preciso para tudo. E media-se aos meios alqueires. Quem queria mais, media mais. Era um tanto cada meio alqueire.