A broa era nossa. A gente cultivava a terra, cavava e moía nos moinhos, que há além muito moinho na barroca. Muita gente diz “ribeiro”, mas a gente chama “barroca”. Aqui no povo, tínhamos um forno e cozíamos a broa. Toda a gente cozia o pão de milho. Não havia comércio nem havia dinheiro para comprar pão. Era só quando se ia à feira de Avô que se comprava um pão. E tantas eram as vezes que se levava um bocado de broa de casa para não se gastar o dinheiro, que não o havia! A gente, como comia sempre broa, tinha desejo de comprar pão, mas não havia dinheiro para o comprar. Todas as semanas cozíamos uma gamela, que era em madeira de castanho. Agora, já não é nisso que se amassa a broa. Primeiro, havia uma gamela de quatro tábuas, quadradas, que tinham esquinas. Mas no meu tempo já não se usava disso. Quando me casei, já se usavam umas gamelas redondas. A gente, todas as semanas, cozia uma gamela cheia. Peneirava a farinha, amassava a broa e lá ia para o forno. Depois que fiquei viúva, nunca mais fiz broa.