Fazíamos vinho, também. Até éramos nós, as mulheres, que fazíamos o vinho. Comprámos um esmagador, que ainda tenho, que os meus filhos disseram que ficava para a minha enteada. Primeiro, havia umas dornas grandes e a gente chamava uma pessoa de família para vir esmagar os cachos, as uvas. Mas, mais tarde, comprámos um esmagador. Lavávamos os pipos, botávamos as cestas das uvas para o esmagador e com a manivela fazíamos o vinho e cá nos arranjávamos. Os homens escusavam de vir de Lisboa para aqui para o fazerem. A gente é que o fazia. Antes disso era com os pés. Tínhamos uma dorna grande em madeira de castanho. Enchia-se a dorna de uvas e um homem ia para dentro esmagar, pisar. Para acabar de encher a dorna, pisávamos fora numas gamelitas, como as que a gente amassava a broa, e botava-se para dentro até a dorna estar cheia. Depois botava-se a ferver. Em estando preparado, lavava-se os pipos e tirava-se. E era daí que também se fazia a aguardente, mas eu aguardente nunca fiz. Mas havia cá muitos alambiques e havia muita gente que fazia aguardente. Ainda há hoje.