A gente sempre respeitou o domingo e os dias santos. Ao domingo não se fazia nada. Só se ia guardar o gado. Não se trabalhava. Só se fosse no Verão para enleirar o milho. Mas não se fazia nada. Daqui para fora nem guardam dias santos, mas a gente guardava. E aos domingos, podíamos ter um renovo para cultivar, mas não se trabalhava. Antes, íamos à capela rezar o terço, durante a Quaresma. Toda a gente ia. Agora não, porque há pouca gente. Há uns 15 ou 20 anos, vindo a Quaresma, ia-se todos os dias ao terço. Hoje não. Quando era a romagem, iam para Vale de Maceira. Daqui para lá ainda é um bocado. É mais para baixo daquela capelinha no alto, mesmo no alto do monte. Se calhar demorava mais de três horas! É longe. Mas toda a gente ia para lá. E até vinham pessoas de Lisboa para irem à romagem. Era o único distraimento que tínhamos. Havia missa e procissão. Quando acabava a procissão, cada um regressava a pé às suas terras. Em Soito da Ruiva também fazem procissão, mas é só no dia da festa em Agosto. No dia seguinte é a festa da Comissão. É uma festa bonita. Para quem tem alegria, é! Vêm conjuntos e as raparigas de cá têm os ranchos e são todos divertidos.