Antes de namorar com a minha esposa namorei outra rapariga e outras até! Mas a primeira que namorei, falei-lhe, disse-lhe que simpatizava com ela e prontos aquelas coisas. Disse-lhe aquelas palavras afectuosas e ela não me disse logo que sim:
- “Pronto está bem, vou pensar e logo digo-te.”
E lá começamos. Namorei dois anos com ela, depois tive uma fraqueza pulmonar. Estive mal. Andei três anos que não era capaz. E então as famílias começaram a dizer:
- “O Artur está mal e tal.”
E eu comecei a ver aquilo e terminou. Se eu algum dia me casar, caso, se não me casar fico solteiro, não tem importância nenhuma. Acabámos o namoro e ela casou com outro, que também foi feliz.
E depois eu, mais tarde, casei-me, já me casei tarde, com 30 anos mas ainda fui a tempo. Namorámos um ano e tal, demorei mais porque duas das minhas irmãs estavam em África e como no ano seguinte vinham a Portugal e eu gostava que elas assistissem ao meu casamento, esperamos.
Para namorar a gente combinava encontrar-se aqui ou acolá e conversávamos um bocado.
Por acaso, havia uma rapariguita, está para Lisboa, que era muito amiga da minha mulher, estava a trabalhar na casa de um tio dela e depois andava sempre com a gente. Naquele tempo os namoros não eram como hoje. Hoje começam a namorar começam-se logo a lamber. A gente naquele tempo dar um beijo era às escondidas. Não era como hoje. Estamos noutra época. Naquele tempo, as raparigas faziam luxo em guardar a virgindade para o dia do casamento. Hoje não ligam nenhuma a isso, não dão importância nenhuma a isso.
Houve sempre uma ou outra que lá caía, rapazes mais atrevidos ou qualquer coisa, pronto, o destino é assim e então quando se sabia que uma rapariga que tinha caído com o namorado. Oi!! Porque levavam uns brincos de laranjeira, sinal da virgindade e então quando não levava os brincos era aí um falatório, naquele tempo era assim. Agora isso tudo acabou mas, naquele tempo era isso.
Eu já tinha 30 anos quando casei, a minha mulher tem menos nove que eu mas, cá nos temos entendido felizmente.
Tive que a ir pedir em casamento, era isso que se usava! A gente falava com a rapariga, se ela aceitava o namoro, namorávamos. Quando a gente vê que é altura de juntar os trapos, a gente conversa.
Eu fui a casa falar com os pais, eles disseram sim senhor e prontos. Tratou-se do casamento e cá estamos ainda hoje, há 46 anos.