Hoje em dia não faço nada. Os meus dias passo-os em casa sozinha. Só às vezes é que faço uns biquitos de renda ou uma coisa qualquer. A minha mãe não sabia fazer renda, a minha irmã também não. E eu ainda pedi a duas raparigas para me ensinarem. E elas disseram que se comprasse as linhas, que me ensinavam. Depois comprei as linhas, fui ter com elas e elas não me quiseram ensinar! Veio cá a mãe da Ana, porque nessa altura o irmão da Ana andava doente e mandaram-no para cá vir para tomar ares, e eu disse-lhe: - Se você me ensinasse a fazer a renda... E ela começou-me então umas renditas pequenitas para aprender e depois lá aprendi. Assim que a gente já sabia, a minha avó escreveu para a mãe dela e depois ela disse à tia para dizer à Maria que mandasse a amostra da renda com o canto. Ela depois mandou-me e a minha tia mandou-me as linhas para fazer. Assim que a fiz, a minha mãe dizia que a queria. Eu disse-lhe: - Alto lá! Que você não me compra as linhas para as fazer. Para esta renda deram-me as linhas, também não lha dou. - “Ah, então tens que me fazer uma igual.” - Então compre as linhas que depois faço, mas esta não lha dou! E depois lá fiquei com ela! Para comprar as linhas ou o que fosse necessário, às vezes, iam a Avô, ou onde calhava, buscar as coisas. Cá não havia comércio, só podíamos comprar na feira.