Quando às vezes a gente cai e fica com os pés de lado, quando torcemos o pé, costumamos dizer que é estrutagado. Para curar o estrutagado havia uma reza que se fazia, até era com um pucarito de barro. Punham-no ao lume com água e faziam ferver a água e depois viravam-na para um prato grande. Viravam o púcaro com a boca para baixo e a água ia para baixo para a bacia, mas se a água recolhesse toda para dentro do púcaro outra vez, quando faziam essas rezas estava a ser curado. Se não fizessem as rezas a água não recolhia. Mas isso também não sabia. Uma tia minha, essa sabia, era a avó do Neves. Uma vez, o meu pai estrutagou o pé e chamaram a avó do Neves. E ela disse-lhe: - “Que coso?” Ele respondia: - “Eu sei lá o que é que você cose! Está aí a coser nesse trapo!” Porque ele dantes tinha aquelas paródias. - “Assim é que se faz!” A gente dizia-lhe: - “Diga como há-de ser!” E ele depois dizia, mas primeiro tinha que ter lá as paródias dele. Às vezes, as pessoas com estas rezas ficavam mesmo curadas.