Cá utilizavam alcunhas para conhecerem as pessoas, porque havia aí mais pessoas com nomes iguais, por exemplo “Ana da Relva”. Ao meu irmão chamam o “Manuel da Barroca”, porque ele mora ao pé da barroca. Uma barroca é o sítio onde a água passa para baixo. A mim chamavam-me a “Deolinda dos Pinheiros”, porque moro aqui perto dos pinheiros todos. Também há cá uma senhora que é a “Maria dos Tojos”, mas o nome dela é Maria dos Anjos. E morreu uma, que era prima dela, a quem chamavam só “Ana das Ameixeiras”. Lá em baixo no povo, onde se passa para irem para ao lado da escola, chamavam os “Abrunheiros”, porque noutros tempos havia por lá abrunheiros com certeza. Abrunheiros é uma árvore, destas que dão ameixas. Ainda lá apanhei um montão, que me deu muito ganho. Uns diziam que eram de França, esses mais amarelos. Às vezes até se punham encarnados de um lado. Esses é que eram bons! E haviam outros que eram pequenitos, chamavam-nos os abrunhos cagouços. As pessoas cá conheciam-se todas.