As brincadeiras eram normais. Por vezes, até era a dar porrada uns aos outros. Eu para dizer a verdade, pouco brincava com os colegas, que eu quando saía de casa tanto a minha mãe como o meu pai avisavam: - “Olha que tu não te demores! E quando cá chegares comes. E depois vais ter às Fontaínhas.” Já ficava ali a fatia da broa e um bocado do queijo. E eu tinha que alinhar. Respeitava os meus pais. Deixava os colegas a brincar pelos caminhos e vinha-me embora. Chegava a casa, pegava na fatia da broa e no bocado do queijo, aviava a mala dos livros e ia até lá adiante a uma quinta, que nós chamamos as Fontaínhas, tinha que lá ir ter com eles. Houve uma altura em que matei uma grande cobra, ainda me recordo disto. Matei uma grande cobra no caminho e depois de a matar pendurei-a num pinheiro à beira do caminho, que era para os meus colegas verem. Havia colegas meus que tinham medo das cobras, mal ouvissem mexer uma lagartixa aí numas folhas de árvore tinham medo e eu não, nunca tive medo das cobras. Se as visse, mas isso já foi depois de adulto, chegava a agarrá-las pelo rabo, puxava-as para trás, virava-as para cima, mandava com elas para cima das pedras e matava-as. Nunca tive medo das cobras. Nessa altura havia cá muitas crianças. Mesmo quando íamos para o Sobral havia entre os 15 e os 20 alunos só de cá de Soito da Ruiva.