Na minha criação, a matança do porco era uma festa. A morte do porco era uma festa praticamente para a família. Toda a gente criava o seu porcozito e, pronto, naquele tempo era o que se comia. Comia-se uma sardinhazita lá de tempos a tempos quando aparecia, quando iam às feiras. De resto, era a carnita do porco que se criava é que se comia. Em acabando só se comia a sopazita. O porco que se criava aí era com dificuldade, havia muitos anos em que o porco morria e depois dinheiro não havia para se comprar outro. Eram tempos de miséria. Nesse dia, os familiares convidavam-se uns aos outros: - “Olha que tal dia mato eu o porco.” E depois a outra dizia: - “Olha, em tal dia mato eu.” E era dois, três diazitos em cada casa a comerem. Hoje era para se matar o porco, amanhã era para encher as chouriças e pronto. Pelo menos dois dias em cada casa, os familiares juntavam-se e faziam convívio.