Comércio

Depois de carpinteiro o meu pai tinha uma loja. Tínhamos ali uma loja que era de um homem que aí havia que tinha o correio. No meu tempo não havia estação, eram postos, agora não há, agora também está entregue à junta. Então o meu pai ficou com o correio e depois começou a alargar, assim, com algumas coisitas. Isto hoje está diminuído porque não há aqui gente e não faço negócio. Eu comecei a estar por ali, no comerciozito do meu pai.

Depois quando casei também fui para África, estive lá dez anos e depois vim. Vim e os meus pais ainda estavam na loja. E eu continuei com o comérciozito e aqui tenho vivido.

Em África estive no distrito de Cabo Delgado, no comércio. Também fiz agricultura. Tive lá, chamava-se uma machamba. Desbravámos lá um terreno, mais um cunhado meu e fazíamos algodão. E assim lá passei dez anos. Plantávamos algodão. O algodão é uma planta, a gente lavra a terra, depois faz uns regos e coloca-se ali a semente. Depois ganha umas bolas, depois aquilo abre e o algodão começa a sair.

Depois a gente contratava os pretos e eles vinham tirar aquilo à mão. Punham para o saco e depois a gente vendia. Mas às toneladas! 60 toneladas de algodão, por ano. E mais, até 120 toneladas, tínhamos dois terrenos onde fazíamos aquilo. Eram terrenos de 60 hectares e mais. Tinha lá um que tinha 60 e tal hectares, outro tinha uns 80 ou o que era aquilo. Dava uma média de uma tonelada por hectare.

Vim de lá com 42 anos. Já era casado. Eu estive lá três anos sem ela, depois ela foi lá ter. Depois ainda cá viemos, e voltamos lá. Deu-se o 25 de Abril e vim-me embora.

Lá deixei três casas de comércio. Uma onde nós trabalhávamos e outra onde tínhamos lá um empregado e vim logo para a Benfeita. Não trouxe de lá fortuna nenhuma mas, tenho vivido. Tenho vivido com aquilo que é meu. Nunca mais lá voltei.