Soito da Ruiva agora é que está muito mais bonito, mas naquele tempo... Ao meio do povo havia uma mimosa. Perto dessa poça havia uma figueira. Mas depois cortaram-na. Assim que taparam a poça e fizeram aquele muro, a figueira desapareceu. As casas eram todas de pedra. Não eram brancas como agora. Era assim tudo negro. A construção das casas era feita por uns homens do Sobral Magro que cá vinham. O pai do tio Manuel Mendes também fez muitas e um outro senhor que morava além na casa da tia Anita. Havia muita gente a viver na aldeia. Agora é que já uns morreram, outros foram-se embora. Havia casas com quatro e cinco pessoas e outras com ainda mais. Era conforme. Mas os rapazes também eram poucos. Iam para Lisboa. As mulheres é que iam buscar a pedra aos matos. Eu muita pedra carreguei e a minha filha também quando ainda era pequenita. Depois, quando já era mais crescida andou lá nas obras com outras raparigas da mesma idade. As raparigas tinham que se sujeitar. A Cidalina, a Ermelinda, a Arminda e outras eram chamadas para acartar vigas. A casa onde eu vivia era pertinho da casa onde vivo hoje. Esta mandei-a fazer. Lembro-me bem da construção. Andei sem poder, pois fartei-me de trabalhar. Ia buscar pedra, madeiras e tudo onde havia. Eu sei lá!