As pessoas para ganharem algum dinheiro vendiam queijos, milho, batatas, feijão. Mas não eram todos, só aqueles que tinham em mais quantidade é que vendiam. O dinheiro que ganhavam servia para comprar o que faltava em casa, como o sabão, o sal. Naquele tempo, ainda havia na aldeia uma mercearia e taberna, onde comprávamos a massa, o arroz, o açúcar, o vinho, o azeite, o petróleo também. As coisas que eram precisas. Depois fechou. Os donos morreram e a filha foi para Lisboa. Nunca mais houve cá nada. Antigamente não havia electricidade. Eram umas candeias. Ainda ali temos uma. Mas não se via quase nada com aquilo. No Inverno, as lareiras é que nos aqueciam. Íamos buscar lenha, como hoje ainda vamos. Naquele tempo trabalhavam muito. Cultivavam tudo. As fazendas que aí há estavam todas cultivadas e pela semana não havia vagar. Quando andavam aí nas fazendas, juntavam-se todos a cavar. Era duro para a gente ter que andar de bocado em bocado e acartar montes de esterco para adubar a terra. Ainda lembro que na altura as pessoas usavam um relógio para controlar o tempo da utilização da água das levadas. Aquilo estava organizado por horas. Umas pessoas tinham uma hora, outras tinham mais, conforme o tamanho dos terrenos. Lá de vez em quando andavam à bulha. Mas depois passava.