O costume da terra era as mulheres que tratavam das terras e da criação dos filhos, porque os homens iam para Lisboa. Muitos acabavam por ficar por lá. Os rapazes também abalavam para lá, se calhar, em saindo da escola. Iam logo. Uns trabalhavam na cortiça, outros era no peixe, na padiola. Havia ainda outros que chamavam os gameiros. O meu marido trabalhou sempre na cortiça. Só assim é que ganhavam algum dinheiro para mandar para as famílias para fazer as roupas, pois naquele tempo não havia roupas nem calçado como agora. Era daí também que se compravam os porcos, com licença de quem ouve. Entre outras coisas. Em Soito da Ruiva é uso pedirmos licença sempre que se diz a palavra porco. Dizemos “... porco, com sua licença”, porque é um nome sujo. Não é asneira. É um hábito.