Às vezes, costumavam dar nomes às pessoas da terra para diferenciar uns dos outros. Dizem que é a “Deolinda dos Pinheiros” aquela que está lá em cima do povo a viver. A minha vizinha chamavam de “Maria dos Tojos”. Outra, dizem que é a "Maria das Ameixeiras". Em primeiro, havia aqui umas ameixeiras - o meu marido até já as cortou mas foi com ordem da dona - e então diziam que essa minha vizinha de cima era a "Maria das Ameixeiras". E temos uma - ela até é nossa irmã - que dizem que é a “Benvinda da Fonte Leonor”, porque chamavam àquela fonte que temos em cima Fonte Leonor. Ainda chamam hoje. E antes de ela ir lá viver, chamavam-na a “Benvinda do Muro”. Enquanto ela esteve numa casita - agora até se queimou - da mãe dela, diziam que era a “Benvinda do Muro”. A vizinha que vive em baixo, dizem que era a “Benvinda da Eira”, porque vivia ao lado da Eira. A outra que vive ao lado é a “Maria da Fonte”. Havia ali uma rapariga, que até é muito amiguinha de falar, que diziam que era a “Ermelinda da Valeira” porque ia à valeira. Também havia outra e também muito boa rapariga, não se pode dizer o contrário, que era a “Fernanda da Barroca”. Quase que não tenho família. Agora só tenho uma sobrinha daquele lado, a Cidalina. Antes tinha cá muita família mas, coitados, o meu cunhado, as minhas duas cunhadas e uma sobrinha foram para o lar. E no espaço de um ano, coitaditos, morreram todos. Só lá tenho a minha sobrinha no lar de Avô. Não tenho cá mais ninguém. O meu cunhado e a minha sobrinha e eu somos todos primos. Quase toda a gente que da aldeia é família. Haverá por aí poucas pessoas que não sejam da minha família, só que são afastados, podem ser primas. Tios, já não tenho cá nenhuns.