Ainda demorei algum tempo a engravidar. Casei em Julho e só no outro ano, em Maio, é que alcancei. Como ele foi para Lisboa, depois de a gente casar, acabou por estar apenas dez dias ao pé de mim. Por isso, a demora. Mas quando fiquei grávida fiquei contente e o pai também. Gostava muito de tê-lo e ter família. Agora, fiquei triste. Dei muita volta para criar o meu filho. Levei-o muitas vezes às costas para as fazendas. E agora fiquei sem nada. Para cultivarmos a fazenda, tínhamos que os levar. Não o podia deixar sozinho em casa, era pequenino. Não tinha ninguém que ficasse com ele, porque os meus pais também cultivavam a fazenda deles. Tanto trabalhei para ficar sem nada. Agora, não tenho nada. Sempre tenho os netos, que também são muito meus amigos. Eu também sou amiga deles. Fiquei muito contente quando soube que ia ter a primeira neta. Era uma menina e tinha muita idade em relação ao irmão. Ela já tinha, se calhar, uns 18 ou 19 anos quando nasceu o irmão. A minha neta chama-se Ana Margarida e o neto Rúben. Já tenho duas bisnetas, filhas da minha neta. É uma alegria muito grande. Ela tem cá vindo com elas. A mais velha, no dia em que morreu o avô, quando me viu a chorar, disse: - “Avó, não chores, que nós estamos cá para te ajudar.” Elas não vêm cá muitas vezes. Vieram duas vezes depois que o avô morreu. Todas as semanas falo com eles. Mas agora nem já vejo bem para poder ligar. Estou muito mal da minha vista.