Tinha milho, não era muito, mas naquele tempo não tinha onde o moer. Cheguei a pontos que o meu marido vinha e dizia: - Olha que a nós faz-nos falta não ter cá onde esmague o milho. Então, tenho aí dois ou três alqueires de milho, mas não tenho onde o moer. E ele dizia assim: - “Deixa lá que nós ainda havemos de ver se arranjamos onde o moer.” Agora veio a luz e não tenho milho. Ainda cheguei a utilizar muito os moinhos da barroca. Cheguei a ter um bocadinho de um moinho que a gente comprou. Pedíamos o dinheiro aos vizinhos por modo de o comprar e depois esmagar. Chegou-se a um ano, que tinha milho e não tinha onde o moer. Então, passava sem ele. Um ano, disse-lhe assim: - Ai, tens que pedir dinheiro para ver se compramos onde vamos moer o milho, porque então assim ando mal. Tu vais-te embora, mas há lá muito pãozinho. Mas ele aqui não vem e passamos mal. Ao fim, o meu marido ainda comprou algumas peças lá naqueles moinhos. Agora, não me vale de nada. Veio a cheia, abalou com os açudes.