Também ainda fiz queijo, tal como os meus pais, mas aí ao fim acabei. Ia buscar o leite às cabras e depois juntava numa panela. Depois tinha uma tirinha pequenina para desfazer, a gente comprava o coalho ou cardo. Era feito dentro de uma tigelinha miúda com um decilitro de água. Ao fim, o leite quando vinha do gado era coado, com um pano na boca da panela. Botava-lhe aquele fermento e coalhava. Ainda demorava aí uma hora a coalhar
Em estando coalhado, começava-se a fazer. Arranjava-se um prato em condições, um achincho comprava-se, que havia achinchos de lata nas feiras. Enchia-se então o achincho e arranjava-se uma queijeira para se curar numa palheira. Até numa palheira se curava. Ao fim, saíam de lá os queijos já amarelinhos, que até metiam cobiça. Tive muita pena, muito desgosto, quando deixei de fazer.
Assim que me faltou o meu marido acabei com as cabras. Nunca mais tive cabras, nem mais vontade. Eu disse assim:
- Faltou-me a coisa melhor que tinha, já não me importa. Perdi o gosto de fazer as coisas.