O meu avô de lá de cima tinha, às vezes, coisas que não as havia de ter porque a minha avó passou muito com ele. Antigamente punham as batatas nas dornas. Até romperam lá em cima um bocado. Tiveram para lá batatas que aquilo foi... só visto. Tinham lá duas dornas cheias de batatas. O meu avô ia ver as batatas. Cada vez que lá ia, havia mais falta e eles não as comiam. E lá a minha avó dizia: - “Ah! Ela põe-nas por portas. Ela assim, ela assado!” E o meu avô chegava-lhe. O que é que acontece? Certo dia, um homem disse ao meu avô: - “Ó Manuel, olha que tu dás cabo da tua mulher e ela farta-se de trabalhar. Vai ali ao Ceixinhos, ao meio das couves, vai ver o que é que lá está! Que a tua mãe passou por lá.” Chegou lá e tinha as batatas para elas trazerem. A minha avó é que estava a pagar, porque o meu avô pensava que ela estava a dar as batatas. Chegou ao pé da mãe dele, dizem que só faltou bater-lhe. Mas não tornou a pôr as batatas por portas!