Só em Setembro e Outubro é que se faz a colheita do vinho. É muito trabalho para apanhar os cachos. A minha mulher é que os corta e eu é que os carrego. Tudo às costas. Ainda em Setembro tive à volta de 1000 e não sei quantos litros de vinho. Ela cortou-os e eu carreguei-os nas cestas. Tenho ali 20 e tal. A minha filha não veio. Para quê? Então eles também têm a vida deles. E se não se faz num dia faz-se em dois ou três. Depois, antigamente esmagávamos os cachos com os pés, mas agora há a esmagadora. É mais rápido com a esmagadora. Aquilo fica logo pronto. São 20 e tal cestas de uvas e depois a esmagadora... Eu tenho ali uma dorna que, quando cheia, leva 36 carregos. O meu avô da parte do meu pai tinha um barril na loja de 100 litros de vinho e dava-lhe para todo o ano. O avô da minha mulher não tinha assim muito. Ele vinha buscar uma garrafita de litro mas só levava meia. E dava para todo o dia, o meio litro. Quando o meu pai morreu tive 440 litros de vinho a mais. Nós, primeiro, também pouco tínhamos. E eu dei 500 escudos por uma pipa que lá tenho, que leva esses litros. Ainda foi a minha irmã buscá-la lá a cima. Trouxeram-na a rolar por aí abaixo. Estava cheia de vinho quando a comprei. Comprei-a no Monte Frio. A gente já chegou a ter muito vinho. Mas agora também já tem pouco. As vinhas tornaram a arder.