O meu marido chamava-se António Nunes. Conheci-o quando vim de Lisboa. Estivemos um mês a namorar, ao fim desse mês é que nos casámos. O casamento foi aqui na capela. O meu vestido era azul - era mesmo vestido - e um xaile de merino preto. Até a minha filha o levou. E tive que comprar sapatos. O meu marido estava bonito. Ele mandou fazer o fato e comprou uns sapatos novos. Eram só uns quatro ou cinco convidados. Vieram cá os familiares. Os meus pais ainda eram os dois vivos. Houve festa e fizemos muita coisa! Fizemos arroz doce, tigelada, bolos, bolos do forno, pão leve, pão-de-ló e também cabrito e muitas outras coisas. Depois do casamento, fiquei a viver com os meus pais. Logo que casei, vim para a casa onde vivo hoje. Passávamos os dias a tratar da fazenda. Tínhamos gado, então era um olho para o gado, pois botávamo-lo na fazenda e lá andávamos a fazer outras coisas. Nunca tivemos mais casa nenhuma. A minha casa foi só esta. Vivi sempre aqui com o meu marido. Ainda me lembra muita coisa do meu marido. Era muito meu amigo. Ajudava-me muito, muito. Ele nem queria que eu cavasse ao pé dele. Cavava sozinho. Farto-me de chorar pela falta que me faz.