Em relação à escola, Cidalina conta o seu percurso.
“Eu fiz só a 3ª classe e já foi na escola da aldeia. Não sabia nada. Mas naquele tempo as coisas eram diferentes. Agora tenho 54 anos e está tudo mudado, mas naquele tempo era difícil. Éramos muitos alunos. Lembro-me que a professora era ali dos lados da Guarda e chama-se Clementina. Mais tarde, vieram outras. Uma que era de Midões e outras D'Alvoco da Serra. Normalmente eram solteiras e ficavam a viver na aldeia. Algumas eram boas professoras. Outras davam-nos tanto que punham os olhos negros à gente. Às vezes, batiam-nos com uma régua de madeira. Era mau! Tinha escola todo o dia, de manhã e de tarde. E continuava a ajudar em casa. Logo pela manhã, ia pôr as cabras ao mato e buscar um molho de mato, enquanto a professora estava em casa. Íamos bem cedo, porque só íamos para a escola parece que era às nove horas. Então, até a essa hora dava para fazer muita coisa. Dos meus irmãos, só o Daniel é que andou na escola. O outro nunca andou, porque tinha uma deficiência. Não falava e dava-lhe ataques, como se dizia. No fim, o Daniel também tinha ataques desses. Mas felizmente, Deus lá os tem! Às vezes, é melhor assim do que estar aqui a sofrer. Eles sofriam muito e a gente também.”