A minha enteada na altura era uma criança rebelde, muito rebelde. Ela tinha 7 anitos e não andava infelizmente. Quando era pequenita, tinha 2 anos, ela ainda foi à Benfeita de onde era o pai, foi lá e ainda andava, mas depois ela apanhou uma meningite. Ainda andaram com ela em vários tratamentos e ela coitada tornou-se assim um bocadito rebelde. Uma vez fui lá entregar um gelo lá a casa, digo assim:
- Então Maria Odete vai melhor?
Maria Odete não. Menina Maria Odete.
Pôs-me logo o artigo em linha. Outro dia chego lá, queria que eu abrisse o mealheiro.
-Para quê que a menina quer o mealheiro?
- “Ora essa para quê que o quero, quero que mo abra que é para tirar dinheiro.”
Digo assim:
- Para quê?
- “Ora essa, para comprar uma pinça.”
- Então e a menina sabe para que é um pinça?
- “Então não sei? É para depilar as sobrancelhas.”
Era assim uma criança pequena, mas com uma certa dedicatória que não tinha limites, mas depois lá me dediquei àquilo. Levava-a à escola. Lá havia uma escola em baixo. Eu levava-a ao colo. Com 7 anos levava-a ao colo porque eu não podia leva-la de outra maneira.
Quando ela lá chegou disse:
- “Vejam como esta menina vem limpinha para a escola. Com as orelhas bem limpas, as unhas e tudo.”
Que lá davam muito esse valor. A escola era de um poeta que a tinha mandado fazer e era uma escola particular.
Mas a professora aí fez asneira. Quando ela lá chegou:
- “Esta, menina tem o direito de fazer o que ela quer porque ela é uma menina que não anda e vocês têm mais juízo que ela.”
Mas depois ela tornou-se uma revolucionária dentro da escola que ela disse:
- “Não posso ter a sua menina na escola. Tenho muita pena.”
Ela tinha aquela professora a tomar conta dos meninos, mas ela revolucionou aquilo de tal maneira que a professora mandou-a para casa.