A Páscoa é como em todo o lado. Vão a todas as casas, mas já ia o padre com a cruz. A quem as pessoas queriam que fosse. Eles não obrigavam. Aqui, é a todas as casas. Há uma missa e depois da missa há três cruzes para irem duas para a freguesia. Por exemplo, Luadas, Pai das Donas, Sardal e Enxudro e outra ia para Monte Frio, para a Dreia, Deflores e outra ficava na Benfeita. Eles vinham com a cruz, as pessoas beijavam a cruz e dava-se o folar ao padre. E era assim o Domingo de Páscoa.
As crianças iam a casa dos padrinhos buscar o folar. Antigamente até havia quem desse era uma broa. Porque era gente mais pobre. E davam umas amêndoas.
No Natal juntam-se as famílias. Agora já não vêm tanto, quer dizer, isto está quase despovoado. Só aí chegando o mês de Maio e Junho até ao fim de Setembro isto ainda se rompe com gente. Agora no Natal muita gente vai para Lisboa passar com os filhos. E os que cá ficam divertem-se. Há a santa missa.
Na ceia de Natal é o bacalhau e hortaliça e batata, com azeite. E há sempre filhós, há sempre bolos. Há essas coisas assim. Às vezes, as pessoas juntam-se mas isto também reduzido a velhos, metem-se em casa. Antigamente havia bailes, havia tudo. Havia gente para tudo. Para ficar em casa e para ir para os bailes e para as tabernas e para as festas.
No meu tempo não se recebia prendas. Depois, mais tarde, é que começaram a dar as prendas aos garotos da escola. O meu marido encarregou-se disso e pela Páscoa também havia aí um senhor que ainda há, ainda é vivo, mas depois deixou-se disso. Que dava na Páscoa as amêndoas aos garotos da escola. Só aos da escola.