Primeiro, eu acho que não havia luz. Havia uns candeeiritos assim altos de petróleo. Tinham um registo, quando queríamos mais chama, quando queríamos menos baixávamos. E luzes de azeite também. Chamava-se as lanternas e candeias. Era assim a vida. Diferente, muito diferente. Muito, muito. Não tem comparação.
Água nas casas também não havia. Mais tarde é que tudo foi feito. Havia fontes por aí espalhadas no povo e ia-se buscar água às fontes, com uns cântaros grandes de barro.
Também era nessa altura que os rapazinhos iam ter ao pé das fontes. E depois lá conversavam um bocadinho.
Não havia médico, só em Côja. E nem tínhamos estrada para vir um carro aqui. Não vinha. Só onde diz lá a baixo Benfeita, seis quilómetros, aí ao depois é que a abriram a estrada e é que começou a vir os movimentos dos carros para aqui. Os médicos andavam com cavalos.
E havia aí uns homens também assim entendidos. Uma pessoa partia um braço, eles arranjavam. Sem terem estudos. Mas tinham prática. Arranjavam umas talas de madeira e ligavam e era assim. Um era José Augusto Martins, e outro era José Maria da Fonseca.