A Torre da Paz é aquela torrezinha adiante, onde está a Santa Rita. Onde há uma capelinha redonda. Está lá uma torre. Aquela torre foi na altura da Guerra Mundial que durou muito tempo, durou 1000 e tal dias. Era mundial, aquilo morreu muita gente. A minha mocidade na altura foi tudo para a guerra, fazia-se muitas preces para a guerra acabar e quando foi que a guerra acabou, houve aí um senhor que deu a iniciativa de fazerem uma torre em homenagem ao 7 de Maio. E fizeram então essa torre. Mas era para ser muito maior mas os donos dos prédios que ficavam por baixo da torre começaram a queixar-se que aquilo vinha algum dia cair, depois deixaram-na mais pequena.
Compraram um relógio para lá, electrónico, ou como é que se diz, e todos os anos o dia 7 de Maio esse sino dá aquelas mil e tal badaladas sem ninguém lhe mexer. E ele está ali duas horas a dar badaladas. E por isso, depois, inventaram canções. Hoje, no 7 de Maio, juntam-se as mulheres e as raparigas e vão lá cantar os versos que na altura fizeram ao 7 de Maio. Não sei se ainda sei algum. Eu sei que um era assim:
“Os 7 de Maio nunca esquecerá
Os sinos escutai-o, ele vos lembrará.”
Quer dizer, quem estivesse esquecido lembrava-se porque o sino estava ali duas horas e tal a dar badaladas.