A Liga de Melhoramentos tem feito alguma coisa, pouco, mas tem feito alguma coisa. Fez o prédio da Comissão. Esse tem obras, fazem alguma coisa, quando precisam, quando não precisam, vão angariando dinheiro, quando podem, tem lá feito umas obrazitas mas pouco porque o dinheiro é pouco.
A aldeia era diferente. Primeiro não havia luz. Primeiro era uns candeeiritos de petróleo, de vidro e outro com umas candeiazitas de azeite. Era o que se podia arranjar e uma velas, às vezes, quando estávamos à noite em casa para comer alguma buchita, era o calor da lareira. Era conforme se podia. Isto era tudo pobre. Não havia iluminação na rua. Só há cá uns anos, não sei há quantos anos, que está a luz. Mas primeiro não havia nada. Não havia luz na rua, andavam às escuras. Ou com uma pinhazita, assim umas pinhas dos pinheiros acesas a passear para um lado e para o outro.
Nem havia água. Nem casas de banho. Íamos ao chafariz. Fizeram um chafariz no cimo da praça e ia-se a estes bicozitos, onde havia assim um chafarizito e ia-se buscar a água para gasto de casa, não havia outra. Havia um chafariz no areal e havia outro na praça. Eram dois chafarizes que havia. Íamos buscar a água com uns cântaros de barro. Ou de folha, conforme. Mas para arranjar uns cântaros de barro, iam às feiras comprar e transportavam a água para casa. Para lavar a roupa iam para a ribeira. Havia uns lavadouros, uns poços que tinham uns lavadouros de pedra e aí é que as mulheres lavavam a roupa.