O dia do casamento foi um dia bonito. Dia 24 de Setembro, um dia de chuva. Eu morava lá para cima para o oiteiro e vim à igreja debaixo de dois chapéus, um dum lado, outro do outro. E, depois de almoço, o meu padrinho - era o padrinho dele de casamento - foi dar uma volta connosco. Ia ele e a minha madrinha e ia eu e o meu marido. Fôramos a Avô e de Avô viemos para Côja. Chegámos a Côja, parámos. Íamos para atravessar a ponte para o outro lado e o meu marido ia para me pôr um braço por cima. Eu tirei-lhe a mão! Já estava casada e não lhe deixei pôr a mão por cima. Não era como agora. Agora batem nos pratos, batem, batem para se beijarem. Naquele tempo, não.
A festa foi boa. Houve muito comer, com muita abundância e à moda de cá. Não veio cá cozinheira nem nenhum restaurante servir. Era a sopa, muita carne assada no forno, aquelas frigideiras grandes de batatas assadas, salada, arroz de fressura e, às vezes, havia galinha de cabidela com as batatas fritas. E, depois, os doces. Arroz-doce, tigelada, tapioca e pão-de-ló. Era os nossos doces daqui.
Foi a modista que fez o meu vestido. E ainda fez o da minha neta! Casou agora o dia 20 de Setembro e foi ela que fez o vestido. Coitadita, está muito mal agora. Também disse:
- “É o último que faço.”
E, coitadita, com certeza é. Nessa altura, eu já sabia costura, mas eu não o podia fazer... Diz que não é bom. Diziam, não sei.