Eu não ia às debulhas e descascar o milho. Mas gostava de ir, que era uma paródia! A minha irmã ia. Juntavam-se à noite umas com as outras. Depois eram muitas raparigas, muitos rapazes. Um dizia uma coisa, outro dizia outra e assim nos entretínhamos. Às vezes, quando as debulhas era fora da povoação, havia assim estas casinhas que tinham os quintais para secar o milho. Eu bem gostava de ir, mas não me deixavam. Até vou contar: um dia houve uma inauguração ali em Arganil que era a Casa da Criança. Ia lá o meu César, que ainda namorávamos, foi o meu pai, a minha mãe, foi essa malta toda e eu fiquei cá. O meu pai não me deixou ir! Tive que ficar na loja a guardar e a aviar os fregueses. Era assim a vida. Só se pensava em trabalhar.
Mas ainda aprendi no Rancho dos Manjericos, que eu ainda sou dessa data do princípio do Rancho. Havia muitas raparigas, muitos rapazes e depois formou-se um rancho. Eu andei nos ensaios. Cantava e dançava. Depois, chamavam a gente. Íamos um dia a uma terra, outro dia íamos a outra. Cada um tinha o seu par. Depois, dançávamos. Mas eram umas danças difíceis, não é como agora. E assim se foi passando o tempo. Também houve cá o rancho dos miúdos, mas, depois, tinham que comprar uma farda nova e o homenzinho que ensaiava morreu... Acabou o rancho, acabou tudo.