A minha mulher morava em frente da minha casa. Depois pedi-a em namoro. Então, ela não me pediu. Fui eu que o pedi. Agora, é que elas pedem namoro aos rapazes. Agora, é diferente. Há umas aí que elas até se metem pelos olhos dentro a uma pessoa, quando eles são solteiros. Isto agora é diferente. É a verdade. Algumas rogam-se mesmo aos rapazes. Os rapazes parece que nem habilidade têm de pedir namoro. Se fosse noutros tempos, conforme elas andam aí quase que nuas, não faltariam filhos. Ora, agora não. Agora, eles parece que têm medo delas. No meu tempo, havia mais respeito. Ah! Pois havia. Havia alguma rapariga que amostrasse as pernas a um homem, a um rapaz? Não havia! Não havia, não. Isto é muito diferente. Em Lisboa, então agora ainda é pior. Quem for lá a Lisboa e que vá lá por uma rua abaixo, aí pelas quatro horas, cinco horas, estão ali agarrados, abraçados um ao outro, uma rapariga e um rapaz. É a vida deles. Eu não percebo nada daquilo. Aquilo, agora, é muito diferente. Uma pessoa vê. Aprenderam com as brasileiras ou não sei. Não percebo nada disto.
Eu tive que pedir autorização aos pais dela. Já não me lembra o que disse. Isso já não me lembra. Uma pessoa para casar tem que ser. Naquele tempo, tinha que se pedir. Agora, não sei se pedem nem se não pedem. Naquele tempo, eles tinham que dar autorização se podia namorar ou não. Se podia casar com ela.
Quando me casei já tinha alguns 27 anos. Vim de Lisboa para aqui, solteiro, mas depois, passado dois anos ou três, casei-me.
Tenho um filho, mas está em Lisboa. Tem carta de chamada e um carro de praça. Não vem para cá.