Viéramos de África e o meu filho começou-me logo a escangalhar a casa. Eu não queria. Que eu queria ir fazer uma casa em Leiria, lá na minha terra. Tinha lá um tio que me dava um terreno para eu fazer a casa. Ele começou a escangalhar a casa, eu comecei a construir. A casa foi feita lentamente, porque eu só tinha 800 contos. Naquela altura 800 contos era já bom dinheiro, mas é claro, tinha de subir um bocado mais à casa. Não tinha paredes. Era tudo taipas de madeira. Eu é que depois pus tudo em placas. Tem o sótão por cima, tem outro andar por baixo. Não é assim grande casa, mas serve bem para mim. Ainda há quem tenha bem pior. Não me interessava de a ter em Lisboa ou em Coimbra ou no Porto, nem nada. Mas para mim, graças a Deus, dá para eu viver.