Na Mata da Margaraça aquilo tem que ver. Que a Mata não estava como agora. Aquilo era outra coisa. Havia lá pinheiros que aquilo eram bestas. Muito grandes. Antigamente havia aqui grandes pinhais. Não é como agora. Pinheiros que só na Mata de Leiria é que há.
Eu vinha de serrar, e depois ia para um serão. Estavam lá quatro, cinco raparigas. Um dizia uma paródia, outro dizia outra. Antigamente não é como agora. Quando eu era solteiro, cheguei a ir daqui a buscar uma concertina ao Sardal. E ceifarmos erva ao homenzinho, ao domingo. Eu ceifava a erva à minha madrasta. Por isso é que ela embirrava comigo. Lá vinha o homem por 50 escudos. Toda a noite. Estava tudo cheio de gente. Fulanos cantavam o fado. Mas cantavam o fado bem. Começávamos logo ali a tocar porque não havia esta estrada aqui dos Pardieiros, o caminho era ali “pia cima”, ao tanque. Começava logo um senhor. Chamavam-no Matias, a cantar o fado. Começava o outro dali “pia baixo”. As raparigas começavam todas a dançar o fado. Íamos para o areal, no largo. Ali não era como hoje está. Aquele chão de cimento, aquilo era milho. Era tudo milho. Não havia cá coisas.