Eu fui para a tropa em 1955. Estive lá ano e meio e três dias. O meu pai dava-me 20 escudos para eu ir daqui para a tropa. Não chegava para a carreira às vezes e para comer e uma coisa e outra. Eu fui impedido. É engraxar botas aos patrões, aos comandantes. Eu por acaso era de um alferes. Era impedido de um alferes que era aqui dos Pardieiros. Saía de manhã, ia apanhar erva para os coelhos lá para a mãe dele, ali no Calhabé, em Coimbra. Era a erva, ia à praça, eu era sério. Claro, as pessoas sérias nunca se governam muito bem. Nunca arranjam fortuna.
Nunca me esquece. Andavam a vindimar ao fundo da povoação da Benfeita. Andavam ali a vindimar o meu pai, a gente cultivava aí uma propriedade. Eu vinha da tropa ali animar. Eu era muito popular, amigo da brincadeira. Não era muito amigo de andar com os rapazes. Eu era amigo era de andar ao pé das raparigas. Fui criado no meio disso. Porque as raparigas andavam comigo. O meu pai é que quando começou a ter madeireiro, eu que andava com mulheres. Com 15, 16 raparigas. Havia muitas raparigas naquele tempo. É claro, depois tinha muita confiança com elas:
- “Ó Ramiro vais para o nosso serão, hoje.”
No Inverno.