Depois saí da tropa. Andei por aí a serrar. Fui para um senhor, o senhor José Gaspar. Naquele tempo não havia Caixas nem nada. Trabalhei dez anos para um patrão. Nunca tive Caixa. Desde os 10 anos. Depois fui para Lisboa. Estive lá cinco anos. Trabalhei nas obras. Depois trabalhei numa fábrica de borracha. Então aí é que tive três anos de Caixa. Eu não gostava de Lisboa, nunca gostei.
Um dia o meu cunhado Afonso, que é da parte da minha mulher, pela Páscoa, diz:
-“Ó Ramiro, vamos à Benfeita e tal.”
O meu pai então, agarrou diz que me dava sociedade no negócio. Eu ainda pedi dinheiro para comprar pinhal. Depois um dia, pouco tempo, uns meses, a minha madrasta diz que eu levava o meu pai à certa, que o roubava. Eu disse:
- O quê? Eu ladrão não sou, para isso é que não. A partir de hoje acabou o negócio.
Cheguei ao pé do meu pai disse:
- Eu para mim, dê-me cá o meu dinheirinho dos meus pinhais. Eu vou tratar da minha vida.