Os moinhos eram onde se moía o milho para fazer a broa. Noutros tempos não havia pão. Era só a broa. Quem é que comprava pão de trigo? Era de semana a semana. Nós semeávamos o milho. Quando estava seco apanhávamos, debulhávamos e ia para a arca. E depois ia-se moer. Primeiro fazia-se a farinha. Depois vinha-se para casa e fazia-se o pão. Aquecia-se o forno, cozia-se a broa e era assim.
Na debulha gente ia ajudar uns aos outros:
- “Ó fulano hoje vais lá ajudar.”
- Está bem.
Ao outro dia:
- “Olha hoje debulho eu.”
Íamos debulhar aquelas hoje, outros amanhã, depois noutro dia vinham cá a casa e era assim que se fazia. Quem queria ir ia. Quem não queria ir não ia. A pessoa que tinha a debulha convidava este, convidava aquele e a gente ia. Juntava-se lá assim durante a noite. Enquanto não se acabasse a debulha não se vinha embora. A gente estava sentado no chão. Atrás de nós estava um monte de milho. Com um pauzito, punha o milho entre as pernas e trás, trás, trás, trás. Ia tirando para fora e as mulheres iam debulhando o que ficava no casulo. O milho está por fora. A gente tira o milho, fica o casulo. Quando a gente estávamos na debulha e apanhávamos uma espiga, chamava a gente de milho rei, é o milho vermelho, quem o agarrava depois ia dar um abraço a todas as pessoas que estavam lá com a espiga na mão. Chamam o milho dos abraços. Geralmente eram os rapazes que estavam a malhar. Iam dar às raparigas e às mulheres, a toda a gente. Depois havia um copozinho de doce ou jeropiga ou de anis. No fim da debulha davam e a gente vinha todo contente para casa. Ao outro dia, se o milho estivesse bom tiravam-no para a rua. Punham uns toldos. Uns chamam maranhas, outros chamam toldos. Estendiam aquilo ao sol. Andava ali três ou quatro dias. O milho estava seco ia para a arca. Depois da arca então é que ia para o moinho. Isto era feito no Verão. Em Agosto, Setembro.