Havia na Benfeita dois irmãos que eram sapateiros. Também havia alfaiates. E era a carpintaria. Era a cavar terra e rachar lenha. Havia para aí tanto comércio. Que eu me lembra: era o tio Firmino, o Zé Rosário ou Manuel Rosário, era o tio Artur Dias, era o Zé Maria, o Manuel da Rosa, era o pai do senhor Artur, o Péssimo, sei lá! Eram tantos que eu já nem me lembra. Por exemplo, o Artur Dias era só vinhos. O Artur de Oliveira tinha mercearia e vinhos. O Péssimo tinha mercearias e vinhos. Aqui antigamente o pai do Artur não tinha vinhos, depois é que começou a ter mercearia e vinhos também, como ele hoje tem.
Ao domingo era nas tabernas. No Artur Dias, no Artur de Oliveira. Chamávamos nós o lagarão. Onde ele vendia o vinho. Mais tarde era no Zé Maçaroca, que é o pai do senhor Artur. Era assim, nas tabernas ao domingo. Ao sábado uma pessoa andava a trabalhar. Toda a gente trabalhava. Ao domingo ia-se à missa e depois vinha-se para a taberna. Estava-se ali toda a tarde na taberna. Almoçava-se ia-se para a taberna jogar as cartas. Eu ainda hoje faço isso. Ainda hoje almoço, vou para o café toda a tarde a jogar cartas. Se houver parceiros jogámos à sueca.