Quando foi aí dos 9 para os 10 anos já ajudava. Que remédio tinha eu! Já ia buscar lenha, já ia buscar pinhas, já ia ao mato para os animais. E depois, quando era assim, a partir dos 9 anos e tal, eu era assim um bocado traquina. Saímos da escola às três horas e eu tinha uma tarefa para fazer. Naquele tempo, havia os rachadores, rachavam a lenha nos pinhais para se queimar. Então depois aquilo ficava lá a secar. Faziam aquilo nas moreiras. A minha tarefa era ir buscar uma moreira. Tinha que ir lá duas vezes. Dois molhos. Mas eu já era assim um bocado possante e então, punha-me aí na paródia. Quando era assim quase ao escurecer, então ia aí pia cima com a corda. Em lugar de ir lá duas vezes, agarrava numa moreira punha tudo na corda, aí vem ele com aquilo tudo “pia baixo”. Fazia tudo de uma vez.
Com as cabras ia, por exemplo, ao domingo ou ao sábado. Íamos com mais dois ou três rapazes vizinhos. Juntávamos o gado todo, íamos aí pelo monte fora, lá para cima, para onde hoje que dizem que é o Caminho do Xisto. Eu estou farto do Caminho do Xisto. Aquilo íamos para lá guardar o gado. Ia para lá para o pasto, pelo mato fora e depois vinha-me embora. Cada um apanhava a sua, meti-as no curral e vínhamos embora. Agora, tenho o meu vizinho que tem meia dúzia de ovelhas. Há outro rapaz que tem gado. Isto é meia dúzia deles.
Naquele tempo, eu tinha meia dúzia, outro tinha mais meia dúzia e juntavam, íamos aí para o mato com elas. Agora não. Agora tratam das suas já não juntam assim o gado. Outras vezes íamos para a fazenda, no tempo do milho, regar o milho. Íamos de manhã, vínhamos à noite. Cozíamos lá as batatitas e tal. O Moina naquele tempo andava por lá, só a mudar a água:
-“Olha, muda a água.”
E eu mudava a água para outro rego, para outro boqueiro. A vida é que era diferente, da terra.