O buraquinho

Vim em Julho de 1976. Cheguei cá, tive que arranjar serviço. Andei dois ou três meses aí numas obrazitas. Continuei a dar serventia aos pedreiros. Fazia serviço de carpinteiro, sempre ganhava algum. Até que havia aí um senhor, que era da Benfeita, mas estava no Porto e era o representante dos camiões Magiros. Era parente do meu sogro e eram muito amigos, e ele foi lá comigo pedir-lhe:

- “Deixa estar que eu vou ver se arranjo.”

Foi em 1977, no princípio do ano. Esse tal senhor lá pediu a um sujeito que é das Meirinhas, entre Pombal e Leiria. Eu era motorista, então fui para lá. Andei por lá três anos a trabalhar no barro branco, que era para azulejos e louça sanitária. Era a caminho do Porto, Aveiro. Depois apareceu-me para a Benfeita um buraquito. Vim ganhar muito menos que o que estava lá a ganhar, mas sempre é na terra. Tinha cá os bocaditos, tinha a casita, então vim para aqui. Depois de vir para aqui fui trabalhar para Côja. Então aí, no dia 18 de Fevereiro de 2009, fazia 29 anos sempre a trabalhar na mesma casa. O último dia que trabalhei foi o dia 16 de Dezembro de 2008.