Os meus pais chamavam-se António Pereira Mendes e Delfina Rita do Carmo. Conheceram-se de criança. Eram da mesma terra. Eram de Sobral de São Miguel. Trabalharam no campo toda a vida. Vieram para aqui, para o Pai das Donas, de caseiros no ano da seca. Primeiro, vieram para casa dos patrões. Os patrões é que lhe arranjaram casa para eles estarem. Depois, os patrões morreram, eles vieram para casa deles. E de casa dos patrões compraram eles próprios uma casa, aonde eu estou hoje. Daqui, foram para o Coimbrão, ali perto de Leiria. E lá morreram.
Tenho sete irmãos e comigo somos oito. Eu sou chegada à mais velha. Ainda são todos vivos, graças a Deus. Éramos pobrezinhos, mas tudo bem. Tudo bom, graças a Deus. Ainda hoje nos damos todos bem uns com os outros. Os meus pais foram lá para baixo e eu fiquei aqui com a casa que era deles e cá estou.