Na minha terra, lá em cima, havia Janeiras muito bonitas. Cantavam as Janeiras e era muito bonito. Juntava-se, posso dizer, muitos homens. Tocavam e cantavam uma cantiga a cada pessoa que havia na casa. Cantavam umas cantigas muito bonitas:
“Ainda agora aqui cheguei.
Pus o pé nesta escada.
Logo meu coração diz:
- “Aqui mora gente honrada.”
“Ó anjos do Céu, que tão bem cantais,
Cantai ao Menino: “Bendito sejais”.
Aquela relvinha, coberta com véu.
Virgem bem guardada os anjos do Céu.”
Depois cantavam então:
“Levante-se lá, senhora Maria Lopes - que era a minha sogra.
Desse banquinho de cortiça.
Venha-nos dar as Janeiras
Ou de carne ou de chouriça.”
E o meu sogro era:
“Viva lá, senhor Alfredo Pinto.
Usa o chapéu direito.
Quando sai da sua casa,
Todos lhe guardam respeito.”
Então, as pessoas, depois, davam carne, chouriça, cebolas, garrafas de vinho... Depois de tirarem as Janeiras, iam para uma casa, faziam aquelas coisas, comiam e bebiam e era um dia de festa. O tempo lá era assim.