Desde o Natal ao Carnaval, fazíamos por lá uns “bailarecos”. Era o que lá tínhamos onde nos fôssemos distrair um bocadito à noite aos domingos, claro. Pela semana não havia vagar. A minha mãe é que tinha muito jeito para isso. Era muito reinadia.
Em Pai das Donas, havia uma festa o dia 24 de Maio. Agora é que a mudaram para Agosto. Era a festa da Senhora dos Remédios. Ia o padre dizer a missa, saía a procissão e havia umas ofertas ou fogaças, como lhe queiram chamar. Depois da missa, as ofertas iam ser leiloadas para fazer dinheiro para a festa. Eram dias diferentes. Não eram todos os dias assim.
Pelo São João e pelo São Pedro, metiam o gato dentro do cântaro. Atavam-lhe uma corda de palha em volta e ateavam-lhe lume em baixo. Ora em cima aquilo ardia logo. O cântaro descia abaixo e o gato, coitado, lá fugia. Seja a escaldar-se, coitado. Era isso.
O jogo do cântaro era no tempo do meu marido, lá na minha terra. Aqui não havia nada disso. Faziam uma carreira de rapazes e de raparigas e havia pessoas ao lado a ver que era para a “riota”, claro. Eles mandavam com os cântaros para trás. O que estava ali atrás tinha que o apanhar, senão partia, e depois atirava outra vez para trás. Depois, viravam-se outra vez todos ao contrário e continuavam até partir o cântaro. Todos os domingos. Aquilo era só aos domingos. Porque por a semana cada qual tinha a sua vida. Então, todos os domingos, compravam um cântaro, porque era raro ele ficar direito. Era o jogo do cântaro até que ele acabasse.