Eu não sabia o que era escola. Andei a servir e doente e não sei quê. Para a escola, só foram os meus irmãos abaixo de mim. Os mais novos todos foram para a escola, mas eu e a minha irmã não fôramos. A minha irmã aprendeu de casada. O marido estava no Canadá. A ela fazia-lhe falta e aprendeu a ler e a escrever. É verdade.
A mim, já me fez falta. Tenho lá cartas, às vezes, aos oito dias e mais por ler. Outras ficam, nem se lêem, porque não sabe. Faz muita falta o saber ler, pois faz. Eu tinha pena de não saber. Gostava muito de saber. Até os meus irmãos, esses, iam:
- “Olha, agora temos um bocadito, vai ler um bocadito num livro.”
E eu lia. E ia ler uns livros para ouvir. E era assim.