Na altura, ainda não havia muitos portugueses. Aquilo era um bocado dificultoso. Custou-me um bocado lá adaptar. O trabalho é diferente, o horário, a maneira de falar e tudo isso. Mas, depois, lá me fui adaptando e habituei-me. Já havia muita portuguesada. Estive em casa do meu cunhado, mas ele via poucos portugueses. Depois, passei para Joanesburgo. Morei em La Rochelle. Aquilo era Portugal dos pequeninos, praticamente. A gente fazia convívios, discutíamos a bola, encontrávamo-nos. Ainda aqui há tempos encontrei um tipo ali na Amadora:
- Olha, eu conheço-o!
- “Mas de donde?”
- Conhecemos! Oh pá, então a gente tanta vez esteve no... Olha, já nos conhecemos. Tanta vez esteve na paródia lá em La Rochelle. Estivemos em La Rochelle a falar um com o outro...
- “É verdade!”
Há tempos que a gente não se via. Já não nos conhecíamos. Depois, começámos a ver onde é que estivemos uns com os outros. A gente na altura vai modificando e tudo isso. E é assim a vida. É assim a vida. Às vezes, ainda nos encontramos uns com os outros. É a paródia. É a vida. Mas antigamente isto era um diabo...