O meu pai é Albano Simões e a minha mãe Zulmira Alexandrina da Luz. O meu pai era da agricultura. Cavava a terra e rachava a lenha e essas coisas assim. Cavava-se muito as oliveiras. Agora não. Põe-se herbicidas, mas antigamente nada. Era tudo cavado à mão. Não havia tractores aqui, não havia nada. Só nas grandes sementeiras é que havia a junta de bois. Mas era nas grandes sementeiras. De resto era tudo cavado à mão. Com ancinho, pronto, tudo manual. E ele andava assim à jorna, todos os dias. Para outras pessoas. E andava sempre assim no campo.
Vivia muita gente só a comer da terra. Arrendavam grandes fazendas e tinham muito milho, muito feijão, muita batata. E tinham muitos animais, gado: galinha, coelhos. Praticamente viviam da terra. A minha irmã ainda hoje vive da terra. A minha irmã trabalha muito na terra, é muito sacrificada e tem muitos animais. Ela praticamente não compra nada por fora. Abastece a casa dela com tudo o que faz com o trabalho dela. Apesar de o marido trabalhar, mas praticamente é ela que governa a casa, com as coisas de casa. Eu não. Em casa da minha mãe tínhamos, mas não era muito. Era pouco, mas também tínhamos batatas, também tínhamos cebolas, também tínhamos alguma fruta, hortaliça e essas coisas. O que é de carnes, pronto era tudo comprado porque a gente tinha poucos animais. Se a gente tivesse quatro ou cinco cabeças de gado era muito. E tínhamos galinhas, tínhamos essas coisas assim. A minha mãe tomava conta das galinhas porque estavam perto de casa. O meu pai era dos outros animais que estavam na fazenda.
A minha mãe foi modista. Ainda faz algumas coisitas embora ela não possa. Graças a Deus ainda é viva. A minha mãe toda a vida foi a mulher e o homem da casa porque o meu pai o que ganhava era para ele. O pouco que ganhava naquela altura. Ela é que punha o comer, é que comprava as roupas, é que comprava essas coisas todas para nós. Eu lembro-me de a minha mãe dizer que metia mais no cesto do almoço do meu pai do que ele ganhava por dia.