Pelo Carnaval tinham uma maneira muito engraçada aqui na Benfeita. Quer dizer, tinham a quinta-feira das comadres e tinham o dia do leite. O Sábado Gordo era destinado a guardar o leite. Havia muito gado. Tudo tinha gado. Então tudo ia roubar leite. Os rapazes novos, porque havia muita mocidade. Quando eu me casei eu levava alguns 20 rapazes novos solteiros. Cá da Benfeita. Então tudo fechava, trancava as portas do gado.
O meu pai dizia:
- “O primeiro a roubar-se é ao Regedor e é ao Juiz de Paz.
Havia muita mocidade e tudo ia roubar. Uns para um lado, outros para o outro. Tudo roubava leite. Então iam primeiro aos cabecilhas. Depois as pessoas ao outro dia ralhavam, iam ter com o regedor, iam ter com o Juiz de Paz. Ele dizia assim:
-”Então eu estou na mesma circunstância. Também me roubaram a mim.“
Por isso mesmo era a eles primeiro. E arranjavam muito leite. Então depois traziam para a casa do meu pai. Enchiam panelas, aqueciam e bebiam o leite todo. Nem guardavam nada para mim que eu gosto muito de leite. Bebiam tudo. Havia essa paródia do leite que também acabou. Era Sábado Gordo.