Lembro-me do tempo das bruxas, de ouvir contar e dos lobisomens. Eu lembro-me isso tudo. Eu lembro-me de ser pequenita e chamarem a minha mãe.
- “Ó Zulmira, você não ouviu esta noite? Passaram aí uns lobisomens.”
Lembro-me de o meu avô contar que via as bruxas dançar e lembro-me de ouvir essa mulherzita dizer para a minha mãe se não tinha ouvido passar os lobisomens. O meu avô dizia que via-as a dançar no vale. Morava lá acima no outeiro. Lá para cima. Diz que as via ali naquela zona chamam a eira. Dizia que as via lá dançar. Antigamente havia aqui isso. Lembro-me de um tio nosso contar que ia para regar e faltava-lhe a água. Tornava a ir para regar, faltava-lhe a água. Depois ficou à espreita na poça. Porque a gente tem poças para deitar. Ainda hoje há as poças para deitar e para regar. Então viu uma mão a tapar. Ele vai com o sacho e ao outro dia andava a comadre dele com o braço ao peito. Ele contava isso. Agora se era verdade se não era...